terça-feira, 24 de maio de 2011

Ricardo Gondim é expulso da Ultimato

Despeço-me da Revista Ultimato
Ricardo Gondim


Após quase vinte anos, fui convidado a “des-continuar” minha coluna na revista Ultimato. Nesta semana, recebi a visita de Elben Lenz Cesar, Marcos Bomtempo e Klênia Fassoni em meu escritório, que me deram a notícia de que não mais escreverei para a Ultimato. Nessa tarde, encerrou-se um relacionamento que, ao longo de todos esses anos, me estimulou a dividir o coração com os leitores desta boa revista. Cada texto que redigi nasceu de minhas entranhas apaixonadas.

Fui devidamente alertado pelo rev. Elben de que meus posicionamentos expostos para a revista Carta Capital trariam ainda maior tensão para a Ultimato. Respeito o corpo editorial da Ultimato por não se sentir confortável com a minha posição sobre os direitos civis dos homossexuais. Todavia, reafirmo minhas palavras: em um estado laico, a lei não pode marginalizar, excluir ou distinguir como devassos, promíscuos ou pecadores, homens e mulheres que se declaram homoafetivos e buscam constituir relacionamentos estáveis. Minhas convicções teológicas ou pessoais não podem intervir no ordenamento das leis.

O reverendo Elben Lenz Cesar, por quem tenho a maior estima, profundo respeito e eterna gratidão, acrescentou que discordava também sobre minha afirmação ao jornalista de que “Deus não está no controle”. Ressalto, jamais escondi minha fé no Deus que é amor e nos corolários que faço: amor e controle se contradizem. De fato, nunca aceitei a doutrina da providência como explicitada pelo calvinismo e não consigo encaixar no decreto divino: Auschwitz, Ruanda ou Realengo. Não há espaço em minhas reflexões para uma “vontade permissiva” de Deus que torne necessário o orgasmo do pedófilo ou a crueldade genocida.
Por último, a Klênia Fassoni advertiu-me de que meus Tweets, somados a outros textos que postei em meu site, deixam a ideia de que sou tempestivo e inconsequente no que comunico. Falou que a minha resposta à Carta Capital sobre a condição das igrejas na Europa passa a sensação de que sou “humanista”. Sobre meu “humanismo”, sequer desejo reagir. Acolho, porém, a recomendação da Klênia sobre minha inconsequência. Peço perdão a todos os que me leram ao longo dos anos. Quaisquer desvarios e irresponsabilidades que tenham brotado de minha pena não foram intencionais. Meu único desejo ao escrever, repito, foi enriquecer, exortar e desafiar possíveis leitores.

Resta-me agradecer à revista Ultimato por todos os anos em que caminhamos juntos. Um pedaço de minha história está amputada. Mas a própria Bíblia avisa que há tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou. Meu amor e meu respeito pela família do rev. Elben, que compõe o corpo editorial da Ultimato, não diminuíram em nada.
Continuarei a escrever em outros veículos e a pastorear minha igreja com a mesma paixão que me motivou há 34 anos.

7 comentários:

Gal disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gal disse...

Olá Marquinhos, tudo bem?
Sexta-feira acabei de ler meu primeiro livro do Ricardo Gondim, "O que os evangélicos não falam" até então só conhecia o seu discurso falado. Resultado: Me apaixonei! E tava empolgada, pensando nas minhas possibilidade para assinar a revista Ultimato, mas agora que Ricardo Gondim foi convidado a des-continuar, a empolgação passou. Por um lado isso vai até me ajudar, pois, agora, a vontade de comprar mais livros dele só faz crescer...rssrs
Beijo querido!

Marcos Fellipe disse...

Olá Gal!Tudo bem...
Pois é perdemos mais uma grande voz profética, mas é assim mesmo o sistema faz de tudo para silencia-los... A revista Ultimato era referencia na minha juventude...O crescimento teológico de Ricardo Gondim é surpreendente, ele amadureceu muito depois do Mestrado... Como o evangelicalismo brasileiro não combina com reflexão, fizeram isso... Um horror... Lamentável!! Xero gal!!!

Dey disse...

Inquisição sem fogueira.
Fico pensando na idade média. Nas atrocidades cometidas pela igreja na tentativa de inibir os pensadores. (Inquisições que levaram muitos para as famosas fogueiras); hoje com o advento da pós-modernidade ou hiper-modernidade com algumas transformações no mundo religioso as inquisições são sem fogueiras, mas elas continuam, isso é fato.
O pastor Ricardo Gondim é sim um profeta, todos nós sabemos qual é o fim dos profetas. Não ficaria admirado se amanhã ou depois soubéssemos que ele foi silenciado para sempre!
Ter uma postura contrária a essa vergonha que chamam de “evangelho” no Brasil pode custar à própria vida.

Anônimo disse...

Entrada e saída de pessoas em grupos por semelhanças ou diferenças de pensamentos é natural. Não há "inquisição sem fogueira" nisso. O problema é quando se criam leis para a discriminação de um determinado grupo -- seja pelo discurso de incluí-lo, ou excluí-lo.

de Albuquerque disse...

Concordo com o senhor Marcos que o Brasil é um país laíco(tds as religioes e credos são permitidos),como tambem o direito de ir e vim.O que a revista ecumenica ULTIMATO fez foi só demitir um antigo colaborador que expos suas ideias na revista Pecado Capital(creio que foi esse o nome que li no post) .Não houve santa inquisição por parte de ninguem ,pra ficar mais claro,pois não posso opinar se o sr.Marcos recebia salario pelas postagens,ele foi demitido de seu cargo de colaborador.Vamos deixar de criar celeumas ,de criar confusoes por haver sido demitido.Ao meu vê ,eles da revista Ultimato tiveram ate consideração pelo senhor Marcos,pois o procuraram e ele não ficou sabendo por terceiros que havia sido demitido.

Martha

Unknown disse...

O pr Ricardo cita mais os filósofos iluministas do que a Bíblia. Deveria ter dito que todos devem usufruir de seus direitos. E em seguida dizer que ele falaria como pastor. Após anunciar que falaria como pastor deveria expor o risco que essas pessoas correm caso morram em tais condições que embora seja legal para os homens é imoral para o Senhor e imoralidade constitui-se em pecado e o salário do pecado é a morte. (Rm 3:23; 6:23). Deveria dizer que essas pessoas homossexuais deveriam se preocuparem com a vida eterna. Um pastor na posição de autoridade pastoral deve falar como pastor, usar a Bíblia como base de defesa ou ataque. Se ele fosse um juizo dozendo essas coisas não estranharia. Mas um pastor deve ser fiel e leal as Escrituras. O que Jesus diria a esta revista? Vá e não peques mais...