quinta-feira, 21 de abril de 2011

Festa, Amor e Devoção


 Uma multidão que caminha em direção à Colina Sagrada. É  o caminho da fé que arrasta  pessoas de tradições, religiões e espiritualidades diferentes, mas têm em comum uma cultura popular que reúne festa, amor e devoção.

No período de Jesus era comum a junção desses três elementos: as festas religiosas, o amor à Deus e ao próximo e a fé. Tradição presente entre judeus e católicos até hoje.

No Brasil, a maior parte dos cristãos evangélicos/protestantes receberam uma tradição norte-americana ou européia, onde o puritanismo, o jeito intropesctivo, racional e silencioso de cultuar, e o anti-catolicismo são fortemente enraizados no modo de ser desses cristãos brasileiros. Assim, há rejeição a qualquer tipo de expressão religiosa que se assemelhe aos outros irmãos em Cristo. Também devido a perseguição católica àquele grupo desde sua chegada, os evangélicos e protestantes afastaram-se muito mais da cultura brasileira.

Mas esse cenário religioso experimentou modificações belas e significativas. 2011 foi o ano do primeiro Ato Interreligioso na maior festa religiosa da Bahia, a Lavagem do Senhor do Bonfim, que acontece a cada segunda quinta-feira do ano. Estavam representantes da Igreja Católica, do Candomblé, da Igreja Batista, e outros.

Estar presente nessa festa foi como pela primeira vez fazer parte do povo baiano e da minha cultura, experimentando minha espiritualidade  em meio à religiosidade popular. Andar 5 km e amarrar uma fitinha verde nas grades da igreja do Bonfim foi como colocar um pedido no Muro das Lamentações, ou beber um copo d'água abençoado pelo pastor neopentecostal ou pelo padre carismático da TV, ou ainda acompanhar durante sete quartas-feiras seguidas (sem faltar uma sequer) no  culto de oração de alguma igreja batista. Foi mais um ritual religioso, onde o que importa foi o meu pedido sincero ao Deus ao qual eu sirvo e amo. Mas o diferencial foi participar da maior festa religiosa da minha querida Bahia, me reconhecer na minha cultura, e exercitar a convivência e o diálogo interreligioso.

Nenhuma "opressão espiritual" vem da outra cultura, mas da nossa própria mente, quando, por preconceito, demonizamos o outro que é diferente de nós.

Oxalá haja paz e respeito entre as religiões!! Oxalá consigamos conviver com as diferenças!! Desejo para todos o Amor do Pai, Shalom e Axé!!!!

2 comentários:

Gal disse...

Gosto muito do termo Graça comum. Acho que ele se encaixa perfeitamente aí.

Jeyson Rodrigues disse...

Eu diria que "Nenhuma 'opressão espiritual' vem da outra cultura, mas da nossa própria mente, quando, por preconceito, demonizamos o outro que é diferente de nós." (rsrs).